quinta-feira, 26 de novembro de 2015

A Disney está reconstruindo a imagem de Star Wars. E ela está acertando em cheio.



Recentemente eu estou sendo inundado por material de Star Wars. Tudo de maneira voluntária, mas tenho total noção de que não quisesse ver nada sobre o universo criado por George Lucas eu teria que me enfiar em algum buraco na Cochinchina sem wifi e com 3G da Tim.

E de todos esses materiais, o motivo para escrever esse texto veio do material mais despretensioso possível: um caderno do R2-D2. Meu pai passou em uma livraria e viu a capa que lhe chamou a atenção, algo que o fez lembrar de mim. Após me presentear, ele avisou “tem uma surpresa dentro, um pôster!”.
Obrigado pai. graças à esse caderno eu percebi muitas coisas boas sobre o novo universo Star Wars
Quando abri o papel dobrado em 4 partes, percebi que se tratava de um pôster dupla face, onde cabia obviamente ao comprador decidir qual mais lhe agradava. De um lado o Yoda da trilogia ruim (já que o episódio VII inicia uma nova trilogia, podemos oficialmente nos referir à trilogia de Anakin como a “trilogia ruim”). Saltitante, como aquela pulga verde que vimos no ataque dos clones e a vingança do sith. Bem no cantinho, quase imperceptível, o imponente yoda de o retorno de jedi. Aquele mesmo que proferiu “guerras não fazem ninguém grande” e “faça ou não faça. Tentativa não há” entre tantas outras que eu poderia passar o dia recitando.
judge me by my size, do you?
Do outro lado temos Darth Vader, o vilão mais icônico da cultura pop. Imponente com seu sabre de luz vermelho, acompanhado por uma bela imagem do seu duelo com Luke em o retorno de Jedi. Minha escolha foi óbvia, Lorde Vader agora enfeita a porta do meu armário. E, após grudar o pôster na parede, me peguei pensando em como era horrível usar o Yoda guerreiro como propaganda e que a Disney não deveria fazer isso. Aí bateu mais um pensamento que, apesar de óbvio, anda passava despercebido pela minha cabeça: A Disney não propagandeia a trilogia ruim.
OLHA QUE BELEZA DE IMAGEM,GENTE!
“Ah, mas esse caderno?” vocês me perguntam. O caderno é um produto da Jandaia, que obviamente licenciou o produto e tem uma série de imagens abertas pra usar e fazer seu caderno pra vender mais a obra de George Lucas.  Essa é a hora em que eu separo o texto em tópicos pra não me perder.

As atitudes.

Assim que comprou a marca Star Wars, a Disney tomou uma atitude bem polêmica. Cancelou a exibição dos filmes em 3D que seriam feitas anualmente e também cancelou todos os jogos referente à marca que estavam por sair. É bom lembrar que a Ameaça fantasma já tinha saído e isso foi uma decisão que encerrou uma atividade já em andamento, assim como a produção de diversos jogos.

Em seguida a empresa de Mickey Mouse jogou outra bomba no colo dos fãs: Não existe mais universo expandido. Não e nem preciso dizer que fóruns online e redes sociais inundaram de choro e frases como “A trilogia Trhawn não vale mas nada!” “Vocês estão matando histórias consolidadas por décadas” e outras coisas do tipo.

Pouco tempo depois, foi anunciado que a série Clone Wars seria cancelada, dando lugar para Rebels, série animada sobre os rebeldes antes da batalha de Yavin, criando um backgorund para a batalha que acontece durante uma nova esperança.


Vocês percebem aonde estou chegando não é?

O fim de Leia escrava.
o sonho dos onanistas

Esse pode parecer um tópico arriscado, mas eu sou muito favorável ao fim da comercialização de produtos referentes à escravização de Leia pelo nosso querido Jabba.

“Mas que imbecil, deve ser bem feminista. Essa cena não mostra a Leia como fraca, ela mata o Jabba com as próprias mãos! Ela foi feita prisioneira por ele, por isso está vestida assim! Você obviamente não entendeu o filme”.

Sosseguem o facho, não precisam despejar toda sua raiva em cima de mim. Raiva muito mal usada inclusive. Cheguei a ver uns animais falarem como se a cena  fosse banida dos filmes, algo que nunca aconteceu e nem vai acontecer. E convenhamos, se fosse pra tirar algo do Retorno de Jedi, que tirasse aquela terrível banda do covil do Jabba que foi adicionada em uma das trilhões de alterações feitas por George Lucas.

O que foi feito foi apenas tirar o merchandising feito em cima da imagem da Leia escrava. E antes que os revoltados online achem que isso é esquerdopatia e feminazismo, deixe eu te dizer que isso foi uma jogada muito inteligente. Você não quer vender a imagem sexualizada da personagem. O público que se excita com isso já é seu fã ou simplesmente tem um fetiche muito específico por escravas de lemas obesas gigantes.

O que a Disney quer é evitar manchetes como aquela que dizia que Jogos Vorazes era mais esperado que Star Wars. O público é outro, não sou eu nem você, são jovens de uma geração bem diferente da minha. Felizmente uma geração onde certos preconceitos e estereótipos negativos não precisam ser reforçados. Vender uma mulher sensual se biquíni metálico não faria bem e a Disney sabe disso. É por isso que a imagem da Leia de império contra-ataca é cada vez mais reforçada, a mulher forte comandando o exército de Rebeldes. Podem reparar quanto material dessa leia aparece. Até mesmo um tema exclusivo dela pra PS4 os caras lançaram. O que me leva ao próximo tópico.

Star Wars Battlefront.

Antes do mais atual jogo ser lançado, já tinham sido feitas duas versões. Os jogos basicamente tinham o mesmo mote: você é um soldado em uma das várias batalhas da sextologia. Joga com storm troopers, clone troopers, rebeldes, jedis e siths.
Battlefront 2 é um jogo quase totalmente dedicado à trilogia ruim

O novo jogo não faz nenhum referência  aos 3 primeiros episódios da saga. Não tem clone troopers, não tem Anakin, não tem droids e nem mesmo um cenário mínimo que seja.

O novo Battlefront por sua vez é só pedra 90
A Disney não está infantilizando Star Wars ou matando o universo, como foi acusada por conta de todas as atitudes que tomou. Ela simplesmente não quer mais ficar nesse chove não molha de tentar empurrar merchandising da trilogia ruim para a nova geração. Pelo amor de Deus, os episódios I, II e III são velhos até mesmo pra essa molecada que lota cinema hoje em dia.

O que aconteceu foi a coisa mais acertada possível. Algo novo que trás de volta o sentimento clássico que transformou Star Wars no fenômeno mundial que é. O despertar da força se trata muito mais do que simplesmente filmes pra uma galera mais velha. O verdadeiro despertar é trazer todo um novo público que pode consumir por muito mais tempo que eu ou você. Metaforicamente alando, os protagonistas e vilões do episódio sete são o público de hoje e toda a referencia aos clássicos somos nós, passando o bastão para que esses jovens possam ajudar nosso mundo renascer depois de ano de sofrimento.


Disney, estou lhe aplaudindo de pé.

pra finalizar, eu deixo o comercial do Wallmart divulgando todos os produtos licenciados de Star Wars que a rede de lojas possui. Se você ficou com preguiça de ler o texto, esse vídeo é o resumo perfeito:

sábado, 7 de novembro de 2015

Crime nas escadarias de Marfim


A dor era um constante naquele momento, mas as vezes era interrompida por outra dor mais forte e pontual. as cerdas, que outrora eram brancas e azuis, agora estavam vermelhas. Sabia que tinha sido uma péssima escolha escovar seus dentes no estado em que sua boca se encontrava, mas sua obsessão por limpeza o impedia de parar.

Cada esfregada do nylon em seus dentes era como um fino limpador de pára-brisa tentando clarear a visão de um motorista em meio a uma tempestade. Passavam as cerdas e em seguida um rio de sangue tomava conta da superfície amarelada. Era uma de suas grandes frustrações, um homem cujos hábitos de limpeza eram impecáveis ter dentes tão amarelos.

Em um breve momento, parou para pensar sobre a culpa daquilo e seu veredicto foi rápido: seu pai. Um homem com pouco estudo e muitos vícios, pouco se importava com a higiene do filho. A verdade é que o homem era burro demais para acobertar um crime e talvez esse fosse o único motivo de nunca ter matado e enterrado o garoto.

Na distração causado por seus pensamentos sobre o passado, deixou a mão escorregar, fazendo com que a escova escapasse dos dentes ensanguentados e arrastasse por cima de um cortes em sua gengiva. A dor lancinante fez com que ele largasse o objeto, fazendo com que ele caísse de sua boca direto no chão.

"Arruinada! como se já não tivesse problemas o suficiente pra lidar!". Os dentes foram cerrados um contra o outro. As pontadas de dor agora era menor que sua ira. Caminhou por seu quarto escuro e pegou o taco de baseball encostado ao lado da porta e seguiu para a garagem. Escutando barulhos abafados, ele abriu a mala do carro onde um homem amordaçado e com as mãos amarradas nas costas se encontrava.

"minha noite já foi arruinada, vou lidar com você primeiro e depois volto para minha higiene". O homem amarrado apenas teve tempo de arregalar os olhos antes do taco atingir sua têmpora esquerda. nenhum som ecoou mais pela casa além das batidas de madeira contra osso humano se estilhaçando.

"o que eu mais queria agora era terminar de escovar os dentes", pensou.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Diálogos com o homem que mora no meu cérebro - Sobre a Madrugada


Nunca entendi e jamais vou entender o motivo pelo qual funciono muito melhor de madrugada.

Geralmente isso é um hábito adquirido. Você dorme tarde e vai acumulando uso a um ponto em que acaba dormindo mais de dia que de noite. 
Isso acontece muito no ensino médio e faculdade, normalmente acabando quando você arranja um emprego e vira um cidadão que contribui para o PIB.

Mas por alguma razão comogo nunca foi assim. Mesmo quando eu era um garoto e tinha horário pra dormir e acordar, não seguia a regra que nosso sistema solar nos impôs. A madrugada sempre me pareceu muito mais interessante.

Graças ao hábito notívago, pude aproveitar noites com a TV ligada em um volume mínimo, para não acorda meus pais, vendo clássicos filmes no intercine e me perguntando quem liga para escolher entre um filme genérico e outro genérico com putaria (desnecessário dizer que a opção com putaria sempre ganhava). 

Foi daí que a Madrugada começou a moldar meu caráter. Foi nela que vi filmes como A Mosca, alien 3 (um filme foda subestimado se me perguntarem), robocop, máquina mortífera e outros tantos filmes que a Globo decidiu jogar para um horário onde só eu e alguma outra pessoa igualmente desocupada assistíamos.

Com a idade a madrugada foi se tornando mais interessante. Era o horário de jogar videogames no meio da semana. De ler livros legais e quadrinhos. Até de assistir uma putaria (se estivesse passando ou você tivesse conseguido um VHS ou DVD por milagre), mas sempre respeitando a regra do volume baixo pra não acordar ninguém. Afinal, a escola começava sete e meia da manhã.

A vida adulta chegou e o namorico com a madrugada tornou-se um relacionamento voraz. Jamais me acostumei com a manhã e o fato dela ter saído do colégio para lugares onde eu receberia pouco dinheiro para fazer um trabalho muitas vezes mediano. Com sorte eu arranjei alguns trabalhos vespertinos, mas nunca foi a mesma coisa, sabe?

O período da tarde sempre me pareceu o que deve ser o período pré sono para a maioria das pessoas. Não que eu pretendesse dormir de tarde, ora diabos, de tarde era quando eu tinha acabado de acordar. 

Mas a maioria das pessoas antes de dormir só quer colocar em um canal aleatório, talvez assistir um filme e depois descansar. É quase como um espaço morto que você ocupa antes de tirar aquela pestana, um espaço morto que você ocupa por obrigação pra não dizer que deitou olhando pro teto durante duas horas. 

Pra mim essa é a tarde. Como uma espécie de esquenta para a minha doce e bela madrugada.

Como uma amante voraz, a madrugada me inspira a ser o melhor. Quando o ponteiro bate a meia noite quero ser Mozart, quero ser Jack Nickolson, escrever como Bukowsky e produzir musicas como se estivesse na Motow das décadas de 70/80. Quero ir à lua em um foguete que eu mesmo construí, visitar Marty Mcfly em um DeLorean cromado. Quero dirigir filmes como Spielberg e Tarantino. Quero ser um rei é um rebelde. 

Mas a sociedade impôs seu preço sobre meu amor por estar acordado tarde da noite. Aos raios de sol e canto dos pássaros, quando todos acordam, eu me canso. Não tem mais Bukowksky nem Tarantino. De dia só quero dormir... Aguardando pela chegada de mais uma madrugada